quarta-feira, 23 de março de 2011

Tudo o que cai se levanta

É muito difícil conquistar a rapariga mais bonita do liceu, agora imaginemos, o que não será conquistar dez milhões de portugueses? Igualmente complicado é saber que há quem não conquistou nem uma nem outros. Assim aconteceu com José Sócrates... E parcialmente com Paulo Pedroso.

José Sócrates apresentou hoje, dia 23 de Março de 2011, a sua demissão como primeiro-ministro do nosso país. Antes e depois das manifestações, como as do dia 12, que se alastraram país fora, começaram a surgir 'reacções reaccionárias' ao regime que na altura regia Portugal. O governo do ex-ministro do ambiente de António Guterres era aclamado de fascista nas ruas da web e em portas de cafés, onde se fumava debaixo da porta não fosse esse mesmo governo cair em cima de alguém. 
Foram seis anos em que palavras como esperança, estabilidade, crescimento e tia entraram no coração dos portugueses. Cinco dessa meia dúzia de anos pareceram manetes dos matraquilhos de uma tasca, sem óleo, mas que no esforço fazem a finta e marcam. O ano seguinte, e já segundo mandato, deu-se o chamado capote.

É um dia inegavelmente triste. A conjectura actual mostra-nos que o número de desempregados tende a subir exponencialmente todos os dias, e hoje, à vista de toda a gente, sem dó e em directo ficam sem o seu ganha pão 17 pessoas, das quais 16 são licenciadas. É neste país que vivemos. Mas é um país em que existe sempre a esperança de que grandes multinacionais e empresas de construção civil ilegais irão repescar, mais cedo ou mais tarde, os recém-desempregados.
Consigo ouvir uma voz agora, lá longe na televisão da cozinha. É Pedro Passos-Coelho, e acabou o discurso com a palavra esperança. Com isto sinto que voltei a ter 15 anos, parece um déjà vu, mas a voz é diferente e o cabelo é mais escuro.

Há quem diga que quase se viveu o 25 de Abril no último dia 12. Se calhar até foi quase... Tenho só uma dúvida. Houve alguma participação da unidade de queimados do hospital Santa Maria em 74? É que este ano eu acho que os vi, traziam uma faixa a dizer bloco de esquerda. Tenho só uma pequena sugestão para os organizadores desta manifestação: para a próxima vez marquem a luta para um dia em que o Benfica volte a ser campeão, é capaz de ir mais gente. E tomem atenção à questão estética, eles vestem de vermelho, a cor da luta. Agora pensem.

Nestes últimos tempos de governo socialista a sigla PEC foi algo a que os senhores deste país nos habituaram. Programa de Estabilidade e Crescimento. Duas coisas em relação a isto, uma muito curta e outra mais extensa e de um cariz já a roçar a intelectualidade. Primeiro: Programa de Estabilidade e Crescimento, para mim, antes de serem medidas de austeridade é o genérico do viagra. Segundo: Ao todo chegaram-nos 4 PEC's,que mais parecidos com a saga Star Wars não podiam ser. Reparai. O protagonista é claramente José Sócrates, que assume não uma, não duas, não três, mas quatro personagens dos filmes de George Lucas. PEC 1 é claramente o Anakin Skywalker, o jovem aventureiro que se sacrifica em prol de um país mais justo, um país mais pobr... próspero. PEC 2 seria o Yoda, por um lado é fofo, por outro dá vontade de pisar porque a qualquer momento nos vai atacar. PEC 3, o jovem bondoso torna-se o terrível Darth Vader e procura cobrir o país numa enorme escuridão... É que nem dá hipótese que seja só um nevoeiro, não vá El-Rei voltar, é mesmo o lado negro da força. Por fim, o PEC 4, que foi hoje recusado em assembleia porquê? Porque no PEC 4 o nosso primeiro-ministro assume claramente a personagem do Chewbacca, em que ninguém o percebe, só os estrangeiros.

Com esta analogia brilhante, quase merecedora de um 'porreiro,pá', deixo que os acontecimentos sigam o seu caminho e cá estarei mais tarde para os comentar... Sem ser remunerado. 
Mas antes disso, uma pergunta retórica: O metro amanhã está em greve... Mas qual é o sentido dela agora?

Volte sempre.

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